sexta-feira, 29 de maio de 2020

RESULTADO DO MISSIONÁRIO IGNORAR AS ETNIAS





Ultimamente o Senhor tem levado meus olhos a visualizar um pouco mais de perto a questão das etnias em uma perspectiva missionária. Nós conhecemos esta palavra, sabemos que existe, mas aparentemente parece algo muito distante de nós, um termo de documentário ou até mesmo de filme, mas não algo que venha ser parte de nossas vidas.

O impressionante que quando comecei a fazer uma ligeira pesquisa com o objetivo de obter um pouco mais de conhecimento e aplicar em minha própria vida em missões observei o quanto caminhamos distante dessa realidade.

Ser ignorante quanto as etnias no serviço de missões é realizar um trabalho mal feito. De forma equivocada olhando ao mundo como vemos em nosso mapa, mas é importante compreender que os povos não estão divididos apenas em países, mas em etnias.

Quando eu cheguei em Bolívia no ano de 2006 tinha em mente fazer algo para o Reino de Deus na nação de Bolívia. O tempo passou e encontrei muitas histórias frustradas de missionários que tentaram fazer algo neste país e não fizeram muito. Muitos desses homens de Deus tinham experiência de abrir igrejas, já trabalhavam na Obra a muito tempo, mas quando chegaram aqui não fizeram muita coisa. Mas, por que?

Por que dentro desta nação chamada Bolívia em alguns lugares os missionários brasileiros tinham mais resultados e em outros não? Por que em Santa Cruz de la Sierra e em toda região baixa de Bolívia existem tantas igrejas abertas por missões brasileiras e na cidade de La Paz, Oruro e Potosí não conseguem fazer muito. Por que?

Seria a altitude, o frio, a cultura, a distância do Brasil? Sinceramente minha mente era bombardeada por muitas perguntas e quando encontrava outro missionário a conversa girava em torno dos “lugares difíceis” do desenvolvimento do Obra de Deus.

Estudando um pouco sobre Bolívia e pesquisando sobre o assunto encontramos algo que muitas vezes foge completamente ao conhecimento do missionário brasileiro: As diferenças étnicas.

Sim, o missionário brasileiro sabe que existem as etnias e que Bolívia é uma país com várias etnias, mas este assunto é levado de forma superficial, algo que não se deve dar muita importância, pois o mais importante é a unidade do povo boliviano mediante o sentimento pátrio que todos nós temos.

O grande problema é que as coisas não são tão simples assim. Podemos dizer que dentro da nação de Bolívia existem muitas outras nações. Essas “outras nações” são as etnias dentro de Bolívia. No período do governo de Evo Morales Ayma o nome da nação de Bolívia foi modificado de República de Bolívia para Estado Plurinacional de Bolívia. Agora eu quero que você atente para o nome PLURINACIONAL, pois aqui nos fala muita coisa.

Plurinacional traz a ideia de várias nações dentro de uma nação. Tal ideia é até absurda para nós que vivemos sob uma filosofia política moderna do nacionalismo em que a nação deve ser fortalecida e não as etnias.

Agora, devemos lembrar que por algum motivo as etnias se juntam. E se em algum lugar os povos estão se organizando em etnias essas motivos estão super ressaltados ao ponto de até competir com o sentimento pátrio que tanto nós compreendemos.

Assim, chegamos ao conhecimento que Bolívia tem mais de 30 etnias. Temos 3 milhões da população formado pelo povo mestiço, 2,5 milhões de quechua, 2 milhões de aymaras e depois temos chiquitanos, guaranis, guarayos, ayores, baures e etc. Esses povos estão organizados em regiões dentro de Bolívia.

E é justamente aqui neste ponto da falta do reconhecimento das etnias e uma preparação adequada para trabalhar com cada povo de forma particular que encontramos missionários sofrendo profundas frustrações no tão difícil, ao menos para muitos, campo missionário que é Bolívia.

Não estou dizendo que trabalhar em Bolívia é fácil e também não estou dizendo que é difícil. O que quero deixar claro é que não conhecer as diferenças étnicas, não as reconhecer e se preparar devidamente para trabalhar nesses lugares fará de Bolívia ou qualquer outro país que vive realidade étnica parecida um campo missionário espinhoso.

Eu estava fazendo uma pesquisa sobre a China e vi que aquele país é mais que um grande e populoso país. China tem mais de 50 etnias as quais são como sob nações dentro da grande nação chinesa. Tais etnias falam idiomas diferentes, muitas vezes culturas diferentes, cosmovisão diferente e etc.

Eu fiz uma ligeira pesquisa sobre Uganda e quero trazer aqui para você ter uma compreensão dessa situação.

Naquele país africano tem mais de 50 etnias em quatro divisões principais. A maior divisão é o Bantu, localizado na metade sul do país, que representa mais de 60% da população, o que equivale a quase metade das etnias no país.

A maior etnia é a Baganda, que domina a área ao redor da capital, Kampala, embora representem menos de um quinto da população do país. Os Baganda são duas vezes mais numerosos que qualquer outra etnia bantu, apesar de alguns deles como o Bankole, Bakiga e Basoga terem populações de um a dois milhões.

A segunda maior divisão é Nilotic, concentrada na metade norte do país, compondo cerca de um quarto da população, divididos entre 18 etnias incluindo os Iteso, Acholi e Karamajong.

A terceira divisão étnica dentro de Uganda, que representa apenas 5% da população, é a etnia Sudanic do nordeste. Mas mesmo eles estão divididos em mais oito etnias. São subdivisões dentro de uma mesma etnia.

A divisão final, de cerca de 2%, é composta por imigrantes de países vizinhos e comunidade asiática que é crescente nos últimos tempo.

Amados, você não pode pensar em fazer missões de verdade sem levar em consideração tudo isso. Se um dia você pensar fazer missões em Uganda estude cada região, cada etnia, como vivem, que idioma falam, cultura, estrutura social, a cosmovisão da etnia específica para que você possa pensar em fazer alguma coisa naquele país.

E voltando a Bolívia, dá para compreender o porque muitos não conseguem fazer quase nada? As etnias são diferentes uma das outros falando idiomas diferentes, costumes diferentes, cultura diferentes, valores diferentes, cosmovisão diferentes e se você quiser entrar e trabalhar com uma determinada etnia você deve buscar colocar o foco em UMA ETNIA de cada vez e nunca olhar uma nação como Bolívia ou Uganda como um todo.

Eu tenho um vídeo postado no meu canal onde eu falo um pouco mais sobre o assunto. Espero que você tire tempo para assistir. Eu gravei justamente pensando neste assunto. Espero realmente poder ajudar você a compreender mais o campo de missões e de forma prática.

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Pastor Peniel Nogueira Dourado

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